Esse texto foi produzido enquanto a Cia tentava fechar um primeiro roteiro do espetáculo:
OK! VAMOS LÁ! O ROTEIRO!
Vai, é isso aqui né?! (Todos olhando o roteiro em construção que é projetado na parede) Vamos rememorar o encontro passado para termos um ponto de partida? Vai lá! Quais são as possibilidades de início do espetáculo? Acho que todo mundo tem que ter uma dose de sanidade. De remedinho. De fuga dessa realidade. O “Vide Bula” não é como uma multiplicação que acontece em bloco: momento do jogo da multiplicação!”
Take 1”: Márcio filmando detalhes dentro da cena que serão projetados. Essa mulher que sai, que está se arrumando pra sair, com texto projetado, outro texto, imagens de pés passando na rua, a cidade. Muitas vezes nos preocupamos em tomar a direção, com as transições. O espetáculo é como um cronograma. Não precisa. O jogo da montagem e desmontagem tem que ser assumido. (O que é isso, gente? Um grilo! Uma esperança! Pra gente ficar feliz). No Take 1: multiplicando ou graduando? Sujo ou limpo? E o dar e tomar? Porque não bota o dar e tomar na multiplicação? Como se fosse uma roda de capoeira, você rouba pra você. Coreografia com dar e tomar. Vamos publicar o nosso roteiro virtualmente. Se o roteiro mudou, avisamos que mudou. Isso pode ser interessante. O dar e tomar pode ficar muito bom com o sambinha dos meninos. Tipo uma gafieira. Tipo uma festa, que a gente dá e toma o tempo inteiro.
(- Você ta parando de fumar? - /a outra responde que sim com a cabeça/ – Hum... percebi. /a outra pergunta: porquê?/ - Porque toda vez que eu te peço você nunca tem!)
Quando alguém confia mais em você profissionalmente? Como é o nome disso? Credibilidade! Cena do Márcio com a Ana e cena da Patrícia com a Kamala: pensar no espaço vazio que se constrói a partir do texto/situação (festa de criança) É uma cena só! É o mesmo ambiente, é uma cena simultânea, que é o que a gente fazia no clube do cheiro! Do cheiro? Do choro!!! (remetendo aos ensaios na área externa do clube do choro). Foi! É só! Vai desabar água! Desabar água pra lavar o que tem! Bom, foram vááárias multiplicações! O “rou” é muito legal! Fazer o rou a parte! No meio da cena. Talvez contar mentalmente e bater o “rou” no meio da cena. Pô, mas contar mentalmente... no meio da cena... A gente pode marcar isso! Mas a idéia é que não seja marcado, isso é muito interessante. Acho que tem que jogar e não fazer de conta! Tem que botar pra jogo! O jogo dentro do jogo! Ótimo! Ótimo! Ótimo! Daí, nos momentos críticos, a gente faz de novo, tipo: conecta de novo que o download caiu! (todos riem).
(A direção conversa entre si)
É possível a gente articular isso com a galera do vídeo? Galera do vídeo? Você falou de sorvete, você falou de frango. Isso! Destroçar um frango até a carcaça! Um coração de boi de verdade! De verdade? Não! Pode ser fake!!! (Nossa, eu saí do ladrão achando que aqui ia ser de boa... rs). Uma mulher pelada na rua com o coração de boi, em vídeo, acho do caralho! (o grilo está insistente, temos esperança) vídeo SEU – Vivência rua e relação – Porto Alegre. Não é o momento de ver esse vídeo, gente, vamos continuar o roteiro! A geladeira já está funcionando? A Marilia avisou que não viria? Avisou! Ela tem um concerto importante! Sequência minimal, partitura corporal, peito estrala bate peito estrala peito bate. POÉTICAS URBANAS – INSPIRADO EM CENAS DE TRANSIÇÃO. Tudo é cena de transição! Imagina um espetáculo só de cenas de transição? Espetáculo que não tem ato, é baseado em cena de transição. Escreve no blog hoje: Dia de Transição. Grupo, o conceito de cena de transição nos liberta! Nos livra do compromisso de ter a lógica! Os conceitos a gente que bota! Eu sempre quis assistir um espetáculo de cenas de transição, cria expectativa, tipo, caralho o que vai vir agora? Caralho!!! Aconteceu a discussão. (E o copo no refletor! Aquela coisa minimal... Quer ver a água caindo? Já terminou tudo isso aí?). Vamos ter que compor o roteiro agora montando as transições. A decisão do espetáculo tem que ser coletiva! Discutir a ordem das duplas e o que cada dupla vai trabalhar. Tem que pensar esteticamente. Vamos ver tudo! O que pode vir primeiro? Quem comeu minha bala? Só aprende o que não presta! As minhas amiguinhas mais velhas me influenciam muito. Romper a expectativa. Achar que vai ser teatro e vê que não é, que é o performático. Se temos os dois inícios que experimentemos os dois. A cena e o vídeo. Sutil. Venda de vendar e venda de vender. O jazz do bocejo.
Gente, temos uma cena de não-transição, uma cena de transição dupla e uma cena de transição dentro da transição! Tem que encaixar a música e as imagens. Peito estrala bate peito estrala peito bate. Grandes cenas e pequenas imagens. Resignificação de tudo aquilo que tá espalhado. To com medo do monstrinho que a gente ta criando... e o pior é que ele cria vida! A décima transição a gente chama de Ritornello, em homenagem a Marília! Agora que você entendeu? E todos começaram a cantar “Pense em mim” de Leandro e Leonardo num momento brega e ridículo.
Por Larissa Mauro
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