Poderia morrer essa madrugada, estraçalhada no concreto. Ou submersa no Lago Paranoá. Virar comida de peixe, lenda urbana, pedaços de seca. Conseguir me espalhar por todos os monumentos brancos, dores pingadas de um lamento. Rabiscar essa espera infinita e fazer um quadro abstrato com cores frias. Não passar pelo caminho da tua casa, não sentir a lembrança estampada no meu rosto marcado. Ser um pequeno azulejo quebrado do parque da cidade. E cessar qualquer esperança chula de uma felicidade mofada.
É tarde para recomeço ou suicídios. Você invade as minhas palavras. Presa entre as letras, a mulher que não sou. A dor que escondo, o filho abortado. Há pedaços em todas as cidades que se deve partir. Não se preocupe. A tua outra parte, segura e pré-estabelecida, cuidará das tuas tempestades.
E quanto a mim, lembrança tola, sou cidade esquecida.
A marca ficou show! Isso é Maíra Zannon!
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