Poéticas Urbanas foi contemplado como projeto especial apoiado pelo Fundo de Arte e Cultura da Sec. de Cultura do GDF e prevê: oficinas gratuitas de poesia falada nos bairros do Distrito Federal; publicação do livro Entreaberta composto por textos do blog de Patrícia Del Rey; e estudos de performances feitos pela companhia para transformar em imagens o universo existente nos textos da atriz , que em sua maioria falam da cidade Brasília e da figura feminina.

Este estudo foi ensaido nas quadras do Plano Piloto em busca de intimidade com o concreto, com as janelas e com os passantes. O trabalho ainda em processo, são poesias vertidas em pequenas cenas de transição em uma linguagem mista de teatro e performance.
Não contaremos uma estória, contaremos passos pelas ruas da cidade.

FICHA TÉCNICA:


Concepção: Andaime Cia de Teatro
Direção: Tatiana Bittar e Márcio Menezes
Intérpretes: Ana Luiza Bellacosta, Kamala Ramers, Larissa Mauro, Márcio Menezes, Patrícia Del Rey e Tatiana Bittar
Músicos: Lucas Ferrari e Marília Carvalho
Vídeo Projeção: Hieronimus do Vale

Luz: Zizi Antunes
Direção de Arte: Roustang Carrilho
Design Gráfico: Maíra Zannon Ilha Design
Fotos: Diego Bresani
Assessoria de Imprensa: Bruno Mendonça
Produção: Andaime Cia de Teatro e Tainá Lacerda

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sobre a morte

Esses textos foram criados na oficina de Larissa Mauro e Tatiana Bittar e são inspirados no texto Vó Alaranjada  de Patricia Del Rey.


A finitude das coisas ...a morte ...o fim...o recomeço... a repetição de padrão , o tabu. O encontro com o túnel sem volta, o eterno fim, o não recomeço, o envelhecer. O aprendizado. A sabedoria. A morte. A sociedade ocidental.  O bolo que acaba, a saudade, a rejeição. A teimosia, a exacerbação das qualidades e defeitos, de novo velhice... A imprudência, a irresponsabilidade, de novo a repetição de padrões, a não aceitação. A lida com a rejeição – a teoria do vazio, a sociedade do acumulo, do lucro, da posse... O medo aaaaah! O medo da morte... os dois únicos enterros que fui,  é realmente incrível como que os números de mortos aumentam de acordo com o aumento da idade... mais uma vez a velhice! E o suicídio¿ o desejo de não viver mais, o fim das perspectivas a necessidade que temos de reagir o tempo inteiro diante de perspectivas não risonhas – o medo, a depressão, o excesso de mediocridade, a auto indulgencia, a vontade de estar no caminho da luz, de pedir para o motorista lá de cima parar e agora definitivamente descer, mas não... apertamos o sinal,  queremos puxar a alavanca vermelha e na hora de descer o cú pisca, aperta...dá um frio na barriga, dá medo, dá medo de fracassar, de não ir para outro lado de ficar na metade do caminho – de ficar inválido, de ficar dependente, de ser paraplégico, paralítico, vegetal, inútil, e esse medo já nos deixa paralisados – e eu não faço nada!! Não vou para trás nem para frente- estagno. Uma ode aos suicidas aos corajosos, aqueles que se matam, que desistem, que se permitem deprimir, dizer é o fim, não fingir que é alegre, não fingir que é feliz, não dizer que está bom – uma ode aos que sobrevivem aos que estão mortos e esqueceram de enterrar, aqueles que consideram que viver é viver como estão viver...assim pela metade – um brinde à insatisfação – é ela que move é ela que não deixa morrer! E que merda que é não deixar morrer, não morrer...QUE MERDA!

Por Kamala Ramers


O profundo silêncio que se escuta. Eco de liberdade. Fios de cabelo no chão. Quantos cairão até o final do último parágrafo?Eu celebro o ato de descamar diariamente. Um pedaço de pele. Um pedaço de unha. Um pedaço de palavra. Esfrego a minha senhora, enquanto tomo banho. Retiro o cheiro dela, disfarço o gosto, camuflo o medo.  Eu entrego, sem objeções, o meu império. Os pés dançam sob o abismo velado a espera diária por uma solução eficaz. Eu bebo a minha eternidade no café da manhã. Assopro as certezas para longe. Peço para que em breve, não haja mais chão. Nem buracos. Nem padrões. O meu tempo deve ser todo consumido. Me despeço enquanto apago as memórias deixadas. Intercessões, alegrias, dores, marcas, as cicatrizes e afins. Os pormenores serão abortados. Até que tudo vire ausência. E o acaso me transforme em lembrança. 


Por Patricia Del Rey

Nenhum comentário:

Postar um comentário