Este texto foi escrito em oficina ministrada por Ana Luiza Belacosta e Kamala Ramers e é inspirado no texto Cimento Urbano de Patricia Del Rey.
Não era sexta nem sábado. Parecia eterno. Não sei, creio que também não era domingo, não sei, não sei, minha memória parece velha. Não tenho a menor certeza se era dia de feira. Lembro que não era segunda, não era terça, quarta ou quinta. Não era... Parecia um dia fora do dia, fora do tempo, fora de tudo. Era um dia comum, desses que semelha a eternidade, lembro apenas que se fazia um deserto em mim. Lembro apenas do tempo escorrendo, escorrendo, escorrendo, percorrendo os minutos, as horas, os dias inteiros. Impossível esquecer aqueles calafrios que eu senti nesse dia, ao ser tocado. Meu corpo uivava de delicias. Era tanta que a doença começou nesse instante, se espalhou por todos os poros. Hoje sou contato contagioso embalado. Perdi a visão por ver demais e perdi o tato por viver sufocado de tanta superfície virtual. Afogado na plenitude do virtual.
Por Márcio Menezes
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